
Foto CNN
Na última quinta-feira (19), Thiago Gomes Quinalia, ex-funcionário da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), foi demitido por abandono de cargo. Quinalia é investigado por supostamente integrar a chamada “Abin paralela”, uma organização dentro da agência acusada de realizar monitoramento ilegal e divulgar notícias falsas sobre autoridades durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A exoneração de Quinalia foi assinada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa. O abandono de cargo é reconhecido quando um servidor se ausenta intencionalmente por mais de 30 dias consecutivos sem justificativa.
Quinalia foi citado em uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de janeiro deste ano, que autorizou buscas e apreensões em casas de dez investigados. Moraes, que também constava na lista de vigiados pela “Abin paralela”, determinou a proibição de contato entre os investigados ou testemunhas e a imposição de restrição de movimentação no Distrito Federal.
A investigação apura o uso indevido do sistema de inteligência First Mile, contratado pela Abin, para monitoramento de dispositivos móveis, sem a intervenção ou conhecimento das operadoras de telefonia e sem autorização judicial.
De acordo com a Polícia Federal (PF), a “Abin paralela” estava dividida em cinco núcleos: Núcleo-PF, Núcleo da Alta Gestão, Núcleo de Subordinados, Núcleo-Evento Portaria 157 e Núcleo Tratamento Log. Quinalia fazia parte do quarto núcleo, chamado Núcleo-Evento Portaria 157, que era responsável por vincular políticos e magistrados ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
A Polícia Federal também apontou, em um documento enviado ao STF em dezembro deste ano, uma possível ligação entre as atividades da “Abin paralela” e os atos criminosos de 8 de janeiro, que atacaram as sedes dos Três Poderes. A investigação sugere que policiais federais atuaram dentro da divisão de tarefas dos investigados, com o objetivo de desestabilizar o Estado Democrático de Direito e manter Jair Bolsonaro no poder.
A CNN entrou em contato com a Abin para comentar o caso e aguarda um retorno. A reportagem também está tentando localizar Thiago Gomes Quinalia para mais esclarecimentos..